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CINEBLOG

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Em 2017 vi mais séries do que filmes. O que se passa comigo?

Stranger Things

A coisa não é de agora. Nos últimos anos os sinais tinham-se tornado demasiado evidentes para serem ignorados e foi uma questão de tempo até acontecer. 2017 tornou-se oficialmente no primeiro ano em que vi mais séries do que filmes. 

Sou fraco, eu sei. Fui incapaz de resistir aos apelos incessantes daqueles pequenos suplementos de ficção. Fui seduzido pela comodidade dos 40 minutos diários e das mini-séries de 10 episódios. Não resisti à Netflix, ao streaming, ao binge e às seasons.

Mas a culpa não foi só minha, juro. O cinema também não tem feito nada para melhorar a nossa relação. São os super-heróis, os remakes, as sequelas e as prequelas. Sempre a mesma história, sempre a mesma rotina. Um homem tem outras necessidades. Já estou farto que estejam constantemente a remexer-me no passado, a manipular-me à custa da nostalgia (as séries também já começaram a fazê-lo, mas ainda são mais meiguinhas).

E depois vem a questão do tempo. Hoje em dia é difícil arranjar um filme que tenha menos de duas horas e tal. É que tenho vida para além dos ecrãs, caraças! Três quartos de hora metem-se em qualquer lado, agora duas, três horas? Precisam mesmo desse tempo todo para contar a mesma história vezes e vezes sem conta?

Mas cinema é cinema, dirão vocês. Tens a sala escura, o cheiro das alcatifas e o som por todo o lado. É uma viagem a outra dimensão da qual voltas ainda a tempo de ir para a cama. Depois dessas duas horas já tens a recompensa, seja ela boa ou má. Numa série tens de gramar com a temporada toda e corres sempre o risco de ficar com um valente melão e 10 horas da tua vida deitadas ao lixo.

É verdade. Há esse risco. Mas é como comprar um carro às prestações. O custo diário é menor e no final já nem nos lembramos dos juros.

A realidade é que, nos últimos anos, tenho encontrado nas séries coisas que não tenho encontrado no cinema com a frequência que seria de esperar. Estou a falar de experiências, linguagens e emoções. Se no cinema há os Aronofskis, os Scorseses e os Tarantinos, nas séries já começam a aparecer os Hawleys e os Fullers, capazes de nós brindar com verdadeiras experiências de autor.

Não digo que nos próximos anos a situação não se altere, mas a curto prazo, e a julgar pelo calendário de estreias, a coisa parece estar para durar. 

Agora se me dão licença tenho um separador aberto na Netflix a necessitar da minha atenção imediata.

 

P.S. Para efeitos de contabilização, considerei os filmes e as séries de 2017, na proporção de 1 filme por 1 temporada completa. Caso se estivessem a perguntar.

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