Mar Adentro
2004
COM: Javier Bardem, Belén Rueda, Lola Dueñas
REALIZADO POR: Alejandro Amenábar
Quando se juntam dois dos maiores génios do cinema europeu (Bardem e Amenábar), o resultado só pode ser magnífico...
"Mar Adentro" é um drama dos antigos, mas é sobretudo um filme sobre a vida, e o prazer de viver. Não se trata aqui de incitar ninguém ao suicídio, mas sim de tentar transmitir ao espectadores, o verdadeiro significado da vida.
Este é daqueles filmes que tanto nos pode fazer sorrir (e tem uma mão cheia de bons momentos de humor), como nos pode fazer chorar como se não houvesse amanhã, mostrando-nos mais uma vez, que Amenábar é um mestre a construir diálogos e a transmitir sensações (para os que ainda não viram, recomendo que vejam já o "Abre los Ojos", e não se fiquem pela versão americana, que mesmo sendo acima da média, não consegue igualar o original).
Bardem está absolutamente fantástico... Ele é Ramón Sampedro, e ponto final. Não há palavras para o descrever como actor... se houvesse justiça em Hollywood, o Óscar ia para ele... (nem sequer foi nomeado, vejam lá...). Ele consegue criar uma empatia imediata entre o seu personagem e o público, fazendo-nos ficar tristes quando Ramón está triste, e contentes quando Ramón está contente... Mesmo que esse contentamento seja apenas aparente.
Todo o filme é uma lição de humanismo do princípio (do curioso principio) ao fim (ao triste fim...), e se há uma cena que tenho que destacar, é a do diálogo entre o padre tetraplégico e Ramón ... Absolutamente genial.
Com este filme, Amenábar só vem confirmar o que todos sabemos. Que é um dos maiores realizadores da sua geração, e que tem um fascínio pela morte em todos os seus domínios ("Tesis", "Abre los Ojos" e "Los Otros", todos eles eram sobre a morte...)
(estão a ver portugueses? Isto é storytelling... nao é americano, nao é pretensioso, pode ser comercial e mais importante que tudo... é cinema, coisa que cá não se faz.)
(10/10)
NO OUVIDO:
Ramón: ¿Me das una calada?
Julia: ¿Tu fumas?
Ramón: De vez en cuando, por si me mata, pero nada.
Marc: señorías, en un Estado que se declara laico, que reconoce el derecho a la propiedad privada, y cuya constitución recoge también el derecho a no sufrir torturas ni tratos degradantes, cabe deducir que quien considere su condición degradante, como Ramón Sanpedro, pueda disponer de su propia vida. De hecho, nadie que intente suicidarse y sobreviva es procesado después...
Ramón: ¡ No deja de sorprenderme que muestre usted tanta sensibilidad ante mi vida... teniendo en cuenta que la institución que usted representa acepta al dia de hoy nada menos que la pena de muerte y la guerra, y durante siglos condenó a la hoguera a los que no pensaban correctamente!
Padre Francisco: ¡Ahora el que esta haciendo demagogia es usted!
Ramón: ¡Si, claro! ¡Pero, dejándonos de eufemismos, como usted dice, eso es lo que habrían hecho conmigo, ¿no?! ¡Quemarme vivo! ¿Quemarme por defender mi libertad!
Padre Francisco: ¡ Amigo Ramón, amigo Ramón! ¡Una libertad que elimina la vida no es libertad!
Ramón: ¡ Y una vida que elimina la libertad tampoco es vida! ¡Y no me llame amigo!
Julia: ¿Quién es Ramón?
Ramón: Mar adentro, mar adentro, y en la ingravidez del fondo, donde se cumplen los sueños, se juntan dos voluntades para cumplir un deseo.
Tu mirada y mi mirada como un eco repitiendo sin palabras: más adentro, más adentro, hasta el más allá del todo por la sangre y por los huesos.
Pero me despierto siempre y siempre quiero estar muerto para seguir con mi boca enredada en tus cabellos.