"Cars"

"I create feelings in others that they themselves don't understand"
Falar de um filme da Pixar, acreditem ou não, é uma tarefa complicada. Não podemos limitar o nosso comentário a um desfile de elogios. Uma crítica tem que falar dos aspectos positivos e dos negativos, mas a verdade é que estes últimos são tão dificéis de encontrar como um judeu numa feira de enchidos.
Sim, a Pixar é a maior e ponto final. Mais uma vez, e agarrando em algo tão banal e pouco interessante como são os carros, conseguiu criar todo um rol de personagens emocionalmente complexas, carismáticas e sobretudo entranháveis, capazes de nos fazer rir, chorar e odiar... personagens mais reais que a maioria que desfila durante todo o ano nos ecrãs de cinema de todo o mundo.
Esta é a verdadeira magia do cinema. Contar uma história, entreter o espectador, ensinar-lhe uma lição de vida e fazê-lo sair da sala de cinema com vontade de mudar o mundo. Há poucos estúdios capazes de o fazer... mas sem dúvida que a Pixar é um deles.
Para além da perfeição técnica (as paisagens deste filme são de um detalhe e de um primor técnico únicos) e da introdução daquelas que são algumas das mais interessantes personagens secundárias presentes em qualquer filme de animação (o hilariante Mater, o intrigante Doc Hudson - com a voz de Paul Newman - , o italianíssino Luigi cujo maior sonho era conhecer um Ferrari...), este "Cars" tem o dom de ter realmente algo para contar, preenchendo todos os minutos com diálogos excepcionais, nunca abrandando o ritmo de viagem, e mantendo o espectador atento do primeiro ao último minuto (e olhem que 116 minutos de um filme animado não é brincadeira nenhuma!), introduzindo alguns brindes sempre agradáveis como a presença de Jay Leno (a.k.a Jay Limo na sua versão "carro") ou um cameo vocal do próprio Michael Schumacher.
Sinceramente não sei que mais posso dizer... Provavelmente o único "defeito" de "Cars" é apostar mais no conteúdo do que na aparência, e com isso arriscar-se a perder algum público mais jovem (aparentemente não pode lutar contra a "fofura" do "Over the Edge").
Mas também estou certo que aqueles que preferirem o concorrente agora, daqui a uns anos vão comparar os dois e constatar que a evolução é uma constante da vida.
(9/10)