"Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan"
"Jak sie masz? My name-a Borat. I like you. I like sex. Is nice!"
Ame-se ou odei-se, uma coisa é certa: "Borat" foi um dos maiores sucessos do ano, tanto por parte da crítica, como por parte do público, e isso, já é um grande feito.
Agora... será esse sucesso justificado?
Se analisarmos o filme como comédia, uma coisa é certa, ele funciona. É divertido, e ninguém consegue ficar sério por muito tempo, conseguindo arrancar uma gargalhada ao mais carrancudo dos espectadores. Isto claro, nem que seja à força.
O formato de documentário falso sobre o qual foi concebido, consegue criar situações espontâneas, divertidas, e acima de tudo reais - saber que personagens como o cowboy fascista ou os três estudantes da caravana não saíram da mente retorcida de nenhum argumentista de Hollywood, e que são, pelo contrário, indivíduos que poderíamos encontrar se nos deslocássemos aos states, causa logo outro impacto no espectador - começando logo pela sensação de imprevisibilidade.
Claro que nem todos acham graça à ridicularização das outras pessoas, nem ao grotesco de algumas cenas, mas as comédias já sabemos que são o mais subjectivo dos géneros cinematográficos. Eu não as condeno, porque admito que por vezes caio no "pecado"... mas que não é o mais cómodo dos humores, isso não é.
Agora o que me causa serias dúvidas é umas das bandeiras utilizadas na promoção do filme: a da crítica inteligente e politicamente incorrecta à sociedade americana. Ora, se há momentos onde essa crítica até se percebe (também... levamos com ela à bruta), há outros momentos (que ocupam a maior parte do filme) onde questiono seriamente o bom gosto de Sacha Baron Cohen e onde me parece que o único que faz é criticar e massacrar tudo o que encontra pelo caminho, sejam judeus, gays, americanos, feministas ou simples cidadãos de Nova Iorque, não aprofundando verdadeiramente nenhum destes temas nem propondo soluções. Sim, até nos podemos rir, mas daí a chamar isso crítica social inteligente vão alguns passos...
Podem chamar-me ignorante e dizer que não tenho sensibilidade para perceber essas coisas, mas como crítica social, este filme falha redondamente, utilizando a sociedade apenas como forma de conseguir o riso fácil (até porque esse anti-americanismo generalizado que anda por aí, provoca-me o mais rotundo dos nojos)
Não é a melhor comédia dos últimos anos, nem sequer a melhor comédia do ano. É apenas uma comédia que tem o mérito de nos fazer rir durante quase a totalidade da sua duração. Mas... há risos e risos. Este é um riso de embaraço e não adianta tentar disfarçá-lo sob a pele de uma crítica social que praticamente não existe.
(6/10) * * *